Já falamos aqui sobre os impactos que o divórcio https://elainematos.com/reflexoes-a-partir-do-filme-um-filho/ provoca. Hoje, vamos falar sobre o tema da coparentalidade — termo que explica a responsabilidade partilhada no cuidado e na educação dos filhos, exercida por dois ou mais cuidadores, independentemente da relação conjugal. O objetivo central é garantir um ambiente seguro, saudável e que promova o bem-estar da criança.
O que é coparentalidade?
A coparentalidade se refere à forma como os cuidadores desempenham e dividem suas funções parentais. Ela não se restringe ao pai e à mãe: pode envolver, por exemplo, mãe e avó, ou outros responsáveis que compartilham os cuidados da criança.
O que não pode ser considerado coparentalidade é a ausência ou a negligência de um dos cuidadores, já que ela exige cooperação, parceria e divisão de responsabilidades.

Nataliya Vaitkevich
Coparentalidade x Conjugalidade
É fundamental não confundir coparentalidade com conjugalidade. Enquanto a conjugalidade envolve o vínculo amoroso e íntimo do casal, a coparentalidade diz respeito à parceria em torno dos filhos.
Ela envolve decisões sobre valores, estratégias de cuidado, regras e tarefas cotidianas. E não significa que tudo precisa ser dividido em proporções iguais (50/50), mas sim que exista equilíbrio e compromisso com as necessidades da criança.
Após a separação, é essa relação coparental que deve permanecer ativa, embora, infelizmente, muitos pais acabam se afastando dos filhos ou mantendo uma presença mínima ou até mesmo ausente.

A importância da coparentalidade saudável
Mesmo quando o casal está junto, é natural que pensem diferente — afinal, cada um traz sua história, suas crenças e opiniões. Porém, diante dos filhos, é necessário transmitir mensagens consistentes e coerentes. Isso não significa que pai e mãe deverão concordar em tudo, mas sim que, ao chegar até aos filhos, a mensagem deve ser clara e única.
Caso surjam divergências, o ideal é que os responsáveis conversem em particular, combine como conduzir a situação e, somente então, apresente a decisão. Assim, a criança não recebe informações contraditórias, sente-se mais segura e percebe que os pais caminham em sintonia.
A relação parental continua existindo mesmo depois do divórcio, e esse deve ser o foco: manter a parceria pelo bem dos filhos. Para isso, diálogo é essencial — negociar responsabilidades, rever acordos e ajustar tarefas conforme as demandas surgirem.
Vale lembrar: a coparentalidade não inclui aspectos legais, sexuais, amorosos ou financeiros da relação entre os adultos. Ela é exclusivamente voltada ao cuidado dos filhos.

Desafios comuns
Situações difíceis são inevitáveis, especialmente no pós-divórcio. Pais disfuncionais, que vivem em constante conflito, podem gerar prejuízos emocionais e sociais aos filhos, já que são os primeiros modelos de relacionamento para eles.
O desequilíbrio de poder também é um risco: quando um cuidador assume posição de dominância e autoridade sobre o outro, a relação conjugal e parental tende a se fragilizar.
Coparentalidade ao longo do tempo
À medida que os filhos crescem, as demandas mudam. Alguns casais preferem estabelecer regras fixas, enquanto outros optam por decisões mais flexíveis, ajustando conforme as situações aparecem. A segunda opção costuma ser mais saudável, pois valoriza o equilíbrio e a flexibilidade, fundamentais para lidar com os desafios do cotidiano.
Entre as principais decisões da coparentalidade, estão escolhas como: a escola a frequentar, valores transmitidos, limites, rotinas, projetos de futuro, entre outros.

Tipos de coparentalidade
Pesquisadores identificaram três formas principais:
- Coparentalidade cooperativa 👨👩👧👦– relação de qualidade, marcada por boa comunicação e baixos níveis de conflito.
- Coparentalidade conflituosa🧨 – comunicação constante, mas permeada por hostilidade, críticas, competição e rivalidade.
- Coparentalidade descomprometida 👩👧👦– comum em casais divorciados, quando cada um exerce a parentalidade de forma isolada, sem verdadeira parceria.
Quando cada um faz a sua parte, ninguém fica sobrecarregado, os filhos se sentem respeitados e todos preservam sua vida pessoal e profissional sem acúmulo de prejuízos.
O divórcio pode encerrar uma conjugalidade, mas nunca deve encerrar a parentalidade.
Até a próxima! Um grande beijo e fiquem com Deus 😉.
Fonte: Artigo: Modelos Teóricos das Relações Coparentais: Revisão crítica (Diogo Lamela, Rui Nunes-Costa e Bárbara Figueiredo);
O Conceito de Coparentalidade e suas implicações para a pesquisa e para a clínica (Giana Bitencourt Frizzo, Carla Meira Kreutz, Carlo Schmidt, Cesar Augusto Piccinini e Cleonice Bosa).