
Médico psiquiatra, músico, escritor e palestrante, o Dr. Thiago transita entre ciência e sensibilidade, levando sua voz para além dos consultórios. Nesta entrevista, ele fala sobre o adoecimento mental dos pais — um tema que toca em silêncios profundos e convida à reflexão sobre o que é, de fato, cuidar de si para poder cuidar do outro.
Uma alegria ter esse profissional brilhante no meu blog.
1. Atualmente, quais transtornos têm sido mais comuns (depressão, ansiedade, burnout parental etc.)?
Depressão, transtornos de ansiedade, burnout parental e exaustão emocional relacionada às múltiplas demandas.
2. Que fatores da vida moderna contribuem para esse sofrimento psíquico?
Pressão por produtividade, sobrecarga de trabalho, instabilidade financeira, redes sociais e falta de tempo para descanso.

3. Como o adoecimento mental dos pais afeta o vínculo com os filhos?
O adoecimento mental pode gerar distanciamento, irritabilidade e menor disponibilidade emocional para os filhos.
4. De que forma o estado emocional dos pais influencia o desenvolvimento emocional e comportamental das crianças?
O estado emocional dos pais serve de modelo; instabilidade pode gerar insegurança e dificuldades emocionais nas crianças.
5. Crianças com pais emocionalmente instáveis tendem a apresentar quais sinais ou comportamentos?
Ansiedade, regressão comportamental, dificuldades escolares, irritabilidade, isolamento ou somatizações.

6. Muitos pais se culpam por não darem conta de tudo. Como diferenciar cansaço normal da necessidade de buscar ajuda profissional?
O cansaço melhora com descanso; quando há persistência, prejuízo nas funções diárias e sofrimento intenso, é hora de buscar ajuda, pois significa que o mero descanso provavelmente não será suficiente.
7. Ainda existe preconceito ou vergonha em buscar ajuda psiquiátrica quando se é pai ou mãe?
Ainda existe vergonha e medo de julgamento, mas há maior abertura progressiva para cuidados em saúde mental. O estigma é uma barreira ainda maior que a de assistência.
8. Por que é tão difícil para alguns pais reconhecerem que estão adoecendo mentalmente?
Muitos pais negam sintomas por medo de fragilidade, sobrecarga de responsabilidades ou falta de informação. Muitos não sabem ou não têm como reconhecer.

9. Quais atitudes ou práticas cotidianas podem ajudar os pais a manterem sua saúde mental?
Sono regular, atividade física, rede de apoio, tempo de qualidade em família e momentos de autocuidado.
10. Como equilibrar o autocuidado com a exigente rotina da parentalidade?
Requer organização, divisão de tarefas e priorizar pequenas práticas diárias de bem-estar. Importante pra “bateria” não descarregar.
11. Quais sinais uma criança pode apresentar quando convive com pais emocionalmente instáveis?
Tristeza, queda no rendimento escolar, comportamento desafiador, baixa autoestima ou sintomas físicos sem causa orgânica. A criança fica “diferente” do que era, o que exige pais atentos, preocupados com os filhos e que conheçam sua personalidade.
12. E para os filhos que convivem com pais emocionalmente fragilizados: como protegê-los?
Garantir rotina estável, diálogo aberto, apoio de familiares/professores e, quando necessário, acompanhamento psicológico.
13. O preconceito em relação à saúde mental ainda afasta pais e mães dos cuidados necessários?
Sim, ainda afasta, mas campanhas educativas e a normalização do cuidado vêm reduzindo esse estigma.
14. Como a sociedade (escolas, familiares, comunidade) pode apoiar pais que estão em sofrimento?
Escolas atentas, familiares presentes e políticas públicas de acolhimento fortalecem os pais em sofrimento.
15. Que mensagem você deixaria para pais que estão se sentindo no limite, mas ainda têm dificuldade de pedir ajuda?
Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem; cuidar de si é também cuidar dos filhos. Ajuda sempre deve ser buscada, independente de haver um transtorno identificável ou não.
Até a próxima! Um grande beijo e fiquem com Deus 😉.
Dr. Thiago Campos
Médico Psiquatra
Músico, Escritor e Palestrante
Instagram: @drthiagocampos_psiquiatra
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