A chegada do segundo filho: alegrias, desafios e o impacto no primogênito

A chegada de um novo membro à família é sempre motivo de alegria, mas também traz consigo mudanças profundas — na rotina, na organização financeira e, especialmente, no campo emocional. Todos os integrantes da família sentem essas transformações, mas o primogênito, em especial, é fortemente impactado.

Muitos pais acreditam que, ao verem o filho mais velho demonstrar carinho pelo irmão, dizer que o ama e se mostrar receptivo, tudo está bem. No entanto, nem sempre esses comportamentos refletem o que a criança realmente sente. O ciúme, por exemplo, é uma emoção comum e muitas vezes difícil de ser expressada com clareza, independentemente da idade. Muitos desconhecem o impacto que o novo “tripulante” causa no sistema familiar.

Ser pai ou mãe pela segunda vez: é mais fácil?

Muitos acreditam que a segunda experiência de parentalidade será mais tranquila por já terem passado por isso. Embora haja mais prática, a dinâmica familiar muda completamente com a chegada de um segundo filho. A estrutura que antes era triádica (pai, mãe e filho) torna-se poliádica, envolvendo agora múltiplas relações — pai, mãe, primogênito e o novo bebê.

Essas mudanças não acontecem da noite para o dia. A adaptação pode levar de dois a quatro anos, exigindo paciência, acolhimento e equilíbrio emocional por parte dos pais.

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O Impacto Emocional no Primogênito

Pode parecer exagero, mas estudos mostram que a relação mãe–primogênito é a mais impactada com a chegada do segundo filho, especialmente no que diz respeito à manifestação de afeto. Durante o puerpério, é natural que a mãe esteja mais voltada às necessidades do recém-nascido. O tempo, a atenção e a energia são limitados — e o primogênito sente essa mudança.

Mesmo durante a gestação, já é possível perceber alterações no relacionamento com o filho mais velho: diminuição de brincadeiras em conjunto, mais proibições e restrições, e o surgimento do medo de que o primogênito machuque o bebê. Após o nascimento, é comum que a mãe esteja mais impaciente e restritiva — reflexo do cansaço físico e emocional, da privação de sono e das alterações hormonais.

Reações Comuns do Primogênito

Entre as reações observadas nas crianças estão:

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  • Agressividade ou confronto com a mãe e o bebê;
  • Dificuldades com sono, alimentação e higiene;
  • Comportamentos regressivos (falar como bebê, pedir para ser alimentado, querer dormir com os pais);
  • Maior dependência emocional e choro frequente;
  • Busca por atenção quando a mãe está com o bebê no colo.

Essas atitudes são formas legítimas de comunicar: “Estou aqui. Também preciso de você.”

Rede de apoio

Com tantas demandas físicas e emocionais, é fundamental que a mãe necessite de apoio. Em meu livro Filhos: Nosso amor mais lindo, trago uma citação do John Bowlby (psiquiatra, psicólogo e psicanalista) que resume bem essa necessidade:

“Cuidar de uma criança não é tarefa para uma só pessoa.”

Esse apoio pode vir do parceiro, dos avós, de uma babá ou até de amigos próximos. O importante é que a mãe tenha suporte para conseguir atender o recém-nascido sem abandonar emocionalmente o primogênito — o que é um grande desafio.

O gênero do novo bebê influencia?

Alguns estudos sugerem que irmãos do mesmo sexo se adaptam melhor, enquanto outros indicam que essa semelhança pode intensificar a rivalidade. De todo modo, crianças em idade pré-escolar geralmente enfrentam maiores desafios ao se adaptarem à chegada de um novo irmão.

Mais do que o gênero, o que faz diferença é a forma como os pais lidam com essa transição, acolhendo os sentimentos do primogênito e mantendo uma comunicação aberta e afetuosa.

Se você é mãe ou pai de mais de um filho, saiba: a transição é desafiadora, mas também cheia de possibilidades de crescimento, vínculo e amor. Acolher o primogênito, compreender seus sentimentos e oferecer tempo de qualidade são atitudes que fazem toda a diferença nesse novo capítulo familiar.

Dica para os Pais:

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Mesmo com a chegada do bebê, busque manter momentos de exclusividade com o primogênito. Reforce seu valor e demonstre que ele continua sendo importante e amado.

Para refletir:

👶 Como foi a chegada de um irmão na sua infância?
🧡Como você tem se preparado emocionalmente para esse momento em sua família?
📌 Já conversou com seu primogênito sobre o que ele sente?

Até a próxima! Um grande beijo e fiquem com Deus 😉

Fonte: Livro: Filhos: Nosso amor mais lindo.
               Artigo: Implicações Emocionais da Chegada de um Irmão para o Primogênito: Uma revisão da literatura. Silva, Débora; Lopes, Rita de Cássia.

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