Reflexão sobre a série “Adolescência” e os desafios da juventude moderna.

Nos últimos dias, as redes sociais têm debatido intensamente a série “Adolescência”, disponível na Netflix, que, em apenas quatro episódios, aborda um tema complexo e perturbador. A trama gira em torno de Jamie Miller, um adolescente de 13 anos acusado de assassinar sua colega de escola, Katie Leonard, a facadas.

Google.

Especialistas de diversas áreas, como psicólogos, psiquiatras, pediatras, jornalistas e juízes, têm compartilhado suas opiniões sobre a série e, consequentemente, sobre os desafios enfrentados pela juventude atual. Mas afinal, o que está acontecendo? Por que tantos pais se encontram desesperados, enquanto outros parecem alheios a essa realidade?

Vivemos em um tempo onde a enxurrada de notícias sobre assassinatos, estupros, assédios, bullying, drogas e outros crimes chega diariamente às nossas casas. E diante disso, o que estamos fazendo para mudar esse cenário? É um erro pensar que esses problemas estão distantes de nós. A realidade mostra que situações assim podem acontecer com qualquer família.

A série não entrega respostas claras, mas traz um alerta importante: os pais realmente conhecem seus filhos? Sabem o que eles fazem no computador, com quem conversam, que sites visitam? Muitos adolescentes reproduzem o que veem nas redes sociais sem sequer compreender o significado das palavras e conceitos que utilizam no dia a dia.

Antigamente, a preocupação dos pais era saber onde os filhos estavam brincando na rua. Hoje, muitos se sentem aliviados porque os filhos estão dentro de casa. Mas será que estão realmente seguros? O perigo muitas vezes não está nas ruas, mas por trás de uma tela. Inseridos em grupos virtuais, esses jovens absorvem ideias nocivas e podem seguir caminhos perigosos, muitas vezes sem volta.

Os perigos ocultos na internet

A série também aborda temas preocupantes que circulam na internet, como o termo “incel” – uma abreviação de involuntary celibates (celibatários involuntários). Incels são indivíduos que não conseguem estabelecer relacionamentos amorosos, mesmo desejando, e desenvolvem ressentimento, muitas vezes direcionado às mulheres e aos homens bem-sucedidos no amor. Em alguns casos, esse ódio se transforma em violência real.

Pexels Tima Miroshnichenko.

Outro conceito apresentado é a “regra do 80/20”, que sugere que 80% das mulheres se interessam apenas por 20% dos homens, deixando os demais sem chances de relacionamento. Esse tipo de discurso reforça a frustração e o isolamento de muitos jovens.

Além disso, há o perigo dos fóruns e comunidades extremistas, onde adolescentes solitários encontram um falso acolhimento. Sem amigos na vida real, acabam se identificando com grupos que alimentam ideias de ódio e vingança, incentivando ações destrutivas.

“Onde foi que erramos?”

Diante de situações extremas, muitos pais se perguntam: “Onde foi que erramos?” A resposta mais comum é: “Nós demos tudo para ele”. Mas o que realmente significa esse “tudo”? Presentes, bens materiais, liberdade irrestrita? E o essencial: tempo, atenção, diálogo, afeto, presença emocional?

Uma das cenas mais marcantes da série mostra o pai de Jamie entrando no quarto do filho, pegando um urso de pelúcia e o cobrindo com um cobertor, enquanto chora copiosamente. O urso simboliza seu filho, e o ato representa o desejo de protegê-lo, algo que ele já não pode mais fazer. É uma cena que toca profundamente em qualquer pai ou mãe.

Google.

A série não foca em quem cometeu o crime, mas sim no porquê. A narrativa sugere que Jamie enfrentava baixa autoestima e bullying, fatores que podem levar jovens a tomar decisões trágicas.

Curiosamente, o ator Stephen Graham, que interpreta o pai de Jamie e também atuou como roteirista e produtor executivo da série, revelou que sofreu bullying na infância e adolescência.

O que está acontecendo nas escolas?

As escolas, que deveriam ser espaços seguros, também têm sido palco de comportamentos alarmantes. Alunos fumando vape dentro da sala de aula? Sim, acontece. Para disfarçar, escondem o cigarro eletrônico dentro de caixinhas de suco e fumam através do canudo. Álcool em latinhas de refrigerante? Também é real. Além disso, casos de alunos mantendo relações sexuais dentro dos banheiros escolares estão se tornando mais frequentes.

Foto de Olena Bohovyk.

Pode parecer exagero, mas não é. E não se trata apenas de escolas públicas – esse tipo de comportamento ocorre também em instituições privadas.

Reflexão final

O que leva um jovem a se envolver com discursos de supremacia branca, misoginia, movimentos incel e outras ideologias extremas? A internet tem oferecido um espaço sem filtros para esse tipo de conteúdo, e muitos adolescentes, fragilizados emocionalmente, acabam sendo influenciados.

Diante disso, a maior lição que a série nos deixa é a necessidade da presença ativa dos pais. É preciso acompanhar de perto a vida dos filhos, estabelecer um diálogo aberto, entender seus sentimentos e orientá-los sobre os perigos do mundo digital.

Foto de Fernanda da Silva Lopes.

Afinal, prevenir sempre será melhor do que remediar.

“A Dra. Vanessa Cavalieri concedeu uma entrevista sobre sua atuação com adolescentes, compartilhando experiências valiosas e insights profundos sobre seu trabalho.” https://www.youtube.com/watch?v=tcVimmRbDGE

Até a próxima! Um grande beijo e fiquem com Deus 😉

Deixe um comentário